quarta-feira, 14 de julho de 2010

"Escrito nas estrelas" ou "Os bastardos" ?




Toda novela tem alguém de passado misterioso ou paternidade desconhecida. Todas se assemelham quanto a isto e deveriam ter por título; "Os bastardos".
Dependendo do autor, quase sempre não seguem uma linha lógica, por vezes atropelando flagrantemente a dedução racional em grosseira afronta à nossa inteligência. Algumas até modificaram cenas entre um capítulo anterior e o final como ocorreu na; "Paraiso Tropical", quando reeditaram a cena e as falas, pois o autor havia se perdido na estória, visando apenas a audiência .
Não gosto de novelas e só me atraem quando o tema envolve fatores psicológicos complexos, Espiritismo, Esoterismo, etc.
Neste caso, conforme já citei nos comentários de texto anterior, a autora me parece muito boa em alinhavar "ganchos" quase imperceptíveis, desde os primeiros capítulos, sem fugir da linha lógica adequada à uma obra de cunho espírita, que abrange a reencarnação e resgates cármicos de vidas passadas.
Inicialmente antecipei que Daniel teria sido o assassino "mascarado" de seu pai em Toledo, num duelo, pois ambos eram rivais no amor por Valentina (Viviane), dai a irritação e incompreensão de Ricardo com seu filho, antes um fanfarrão que se gabava de suas aventuras, nesta vida voltando "bonzinho" e preocupado com causas humanitárias, para evoluir antes que a fatalidade carmicamente determinada ceifasse sua vida.
Há erros como o de personagens conservarem suas fisionomias de vidas passadas, coisa raríssima, praticamente impossível, mas tal recurso usado pela autora tem uma intenção didática, para que o grande público leigo no assunto possa compreender a trama.
Outros erros da direção, como o de Ricardo colocando a mão do lado direito do peito, quando se sentiu mal e disse para o Vicente, que teria sido a dor de uma espada atravessando seu coração (que é do lado esquerdo) e também do "mentor espiritual" ,explicando que ninguém, nem o anjo de guarda, pode interferir para mudar o destino de uma pessoa e , logo depois, em capítulo posterior, a autora percebendo o engano, pois no início da novela aquele menino vidente havia testemunhando outro garoto sendo salvo de um atropelamento pela intervenção de um anjo protetor, tentou "retificar", acrescentando "situações excepcionais" em que isto seria possível e permitido, são até suportáveis, pois não chegam a comprometer a estória.
Os "ganchos" já foram devidamente "plantados" desde o início, através das origens indefinidas de alguns, paradeiro desconhecido de mãe, romances paralelos, etc.
Da mãe da Viviane não se sabe o destino, porém, num dos "interrogatórios" do pai dela em cativeiro, o Gilmar "soltou" que ele era de outro nível social e perdera tudo no vício da jogatina.
Sobre a prima da Mariana o "gancho" apareceu mais recentemente, embora o fato da família ter adotado dois seja do conhecimento do público.
Mais recentemente ainda, a autora abriu outra possibilidade na trama, desta vez com a relação de Jane e sua filha, um pai distante no exterior, que retorna mas não quer conceder o divórcio e um "segredo" que Breno, seu filho primogênito, pede que seja revelado à sua irmã rebelde.
A recusa de Jane em permitir que sua filha vá morar com o pai, denota outra preocupação bem suspeita. A de que ela seria filha de outro romance seu, talvez com o Ricardo, que demonstrou bastante compreensão com a menina, embora esta o rejeite, dai ela também seria herdeira bastarda, irmã de Daniel, ou ele seria filho do Vicente, paixão antiga da ex-esposa do Ricardo? Com a inclusão da prima (adotiva) da Mariana, em busca de suas origens e um exame genético a ser efetuado, outras possibilidades foram criadas. Primeiro a da troca do resultado do exame dela com o de Viviane, que somente teria um efeito impeditivo caso ela fosse filha do Vicente com a mãe de Daniel, sendo, portanto, ( aparentemente, Viviane e Daniel) irmãos pelo lado materno, o que complicaria mais ainda a trama. Daniel, a prima da Mariana e a filha rebelde de Jane, irmãos?
Outro que poderá ter uma participação maior no esquema é o pai da Viviane.
Quem era a mulher dele que os abandonou e não se sabe o paradeiro?
Teria ele engravidado uma empregada quando tinha posses e posição social?
Quem seria a melhor candidata ao posto de "mãe da Viviane", pelo que se pode perceber em nível de afeição e preocupação protetora?
Para mim a Antônia seria a melhor escolha da autora, para causar um clima de tensão quando o pai de Viviane for apresentado ao Ricardo, inclusive pela aparência, olhos claros e temperamento, neste caso, Mariana e Viviane seriam irmãs.
De qualquer forma, penso que Viviane não terá um filho por inseminação artificial, porque isto estragaria o desenrolar da trama de cunho espírita, tornando o avô padrasto do próprio DNA de seu filho legítimo falecido, em meio a um futuro romance com a mãe de aluguel.
Um tanto "incestuoso", não acham?
Mais provavelmente, Daniel reencarnará como filho de Ricardo e Viviane, devidamente esclarecido espiritualmente, após superar a rejeição e recusa em aceitar a união dos dois, mas isto somente lá para o final da novela, depois que Viviane for denunciada e desmascarada juntamente com Gilmar e Ricardo a perdoar.

Espero que a autora não descambe para o inconcebível e ridículo, "inventando" mais filhos bastardos, como o Gilmar ser filho da Judith e irmão da Beatriz (família de vigaristas?), o preguiçoso e malandro; Jair ser bastardo da Zenilda, (que que teria sido um "transformista "quando mais jovem, dai sua paixão por perucas), e por ai vão, coisas mais típicas de outros autores "deslumbrados", como Aguinaldo Slva, Gilberto Braga, Valdyr Carrasco, Jorge Fernando, etc.
Haja imaginação...

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