terça-feira, 26 de março de 2013

A TRAJETÓRIA DE FERNANDA, ANDRESSA E NASSER NO BBB13

Mais um texto de nossa amiga, leitora e colaboradora SHADOW.-------- Entre quedas e tropeços, subidas e descidas, momentos bons e ruins, preferências e rejeições, fãs clubes e torcidas contra, Fernanda Andressa e Nasser chegaram à grande final. Foram merecedores de chegar até aí? As opiniões se dividem. Quem acompanhou a trajetória dos três, viveu histórias que não nos pertencem mais. Se sua sobrevivência se deu por conta de um personagem montado, de um romance fake, da briga insana entre torcidas, do gato ou rabo do gato, isso é algo que nenhuma enquete poderá revelar. O fato é que contrariando a lógica e as apostas do início do programa, eles chegaram juntos à final. Como explicar sua sobrevivência? Os três podem ser detestados por muitos, mas não se pode deixar de admirar e reconhecer a proeza de terem dado uma guinada na situação adversa, que previa sua rejeição e eliminação nas primeiras semanas. Jogaram, não jogaram, se jogaram? Sim, os três jogaram e se jogaram, num jogo de esconde-esconde morno, cauteloso e dissimulado, é certo, mas inteligente e eficaz. O movimento deles no tabuleiro foi muito semelhante, o que talvez justifique terem sobrevivido aos outros. Entraram com objetivos previamente traçados, que executaram com precisão cirúrgica. O primeiro: buscar proteção. Não foi por outra razão que Fernanda e Andressa ao entrarem na casa, logo na primeira semana, escolheram dois participantes para serem seus parceiros (antes que outras o fizessem), o que de cara facilitou o jogo do Nasser e complicou o André, que não tinha jogo. Superada esta etapa, o segundo objetivo se impôs: eliminar os veteranos. Não só os três, como os demais novatos, passaram a votar em bloco, tendo como alvo certeiro os repetentes que já haviam passado por lá, tinham fã clube e torcida aqui fora e representavam uma ameaça real àqueles que não passavam de ilustres anônimos. Disso, foram se formando alianças, algo fundamental num jogo de convivência e sobrevivência. Os primeiros paredões foram montados com sutileza por Nasser, Ivan e Andressa. Em conversas informais com os outros participantes miravam sem dó nem piedade em seus alvos, fazendo questão de dizer ao público (para não serem mal vistos) que aquilo não era combinação de votos, mas uma mera troca de idéias e impressões. A estratégia de enganar deliberadamente o público votante não foi percebida, porque as redes sociais pareciam surtadas: na fase maníaca os favoritos eram uns, na fase seguinte os mesmos eram rejeitados... e nessa oscilação de humor, para surpresa geral, bons jogadores foram caindo diante de participantes medíocres e até inexpressivos, como Ivan e Marien. Enquanto a limpeza na casa começava, era preciso não descuidar do terceiro objetivo: consolidar e fortalecer as alianças, o que levou à construção de dois reinos, um do século XV, com princesa, um belo príncipe, coroa, manto, muita ilusão e fantasia; e, outro do século XXI, com uma plebéia, sem trono, sem pudor, sem perdão, com um grilo para beijar. Estes reinos foram edificados com tamanha precisão e habilidade que quando o público se deu conta, eles já tinham paredes, torres, lanças, soldados, súditos, grilhões, armadilhas e calabouços para seus adversários. Numa manobra genial, e percebendo a vitimização, isolamento e coitadismo da dupla da casa de vidro, Kamilla e Marcello, Fernanda aproximou-se de Kamilla para tornar-se amiga de infância da moçoila, neutralizando por tabela Marcello, que dessa forma permaneceu deslocado até sua eliminação. A sempre atenta Andressa percebeu a manobra, recuou na hora certa e tratou de fortalecer seu reino, uma vez que podia contar com a sagacidade de seu sempre fiel escudeiro e parceiro, Nasser. No mais, ficaram na encolha com o rabinho de fora. Amiga pra cá amiga pra lá, meu princeso de um lado meu grilo do outro... enquanto os demais baixavam a guarda e eram eliminados, sem direito a liminar ou recurso. Há que se reconhecer que a parceria pode ter sido fake, mas foi feita com as pessoas certas. Para o jogo de Fernanda, um arremedo de Maria (BBB11), Ana Carolina (BBB9), Alemão (BBB7) e Bambam (BBB1) o prinsapo André dúbio, inseguro e esquivo foi fundamental. Para Andressa, um rascunho de moça pura e inocente do interior, o tatuado Nasser, cabelo desalinhado e olhar pra lá de esquisito, mas, centrado e com forte poder de observação, foi vital. Até que num confronto direto entre os reinos, era preciso ter frieza para executar o objetivo final: separar o casal do reino vizinho para poder reinar soberano. Fernanda e Andressa articularam muito bem isso. Aquela, a primeira a tentar, não conseguiu porque o paredão foi triplo. Na vez da Andressa, deu sorte, foi duplo, e o prinsapo saiu. Havia feito tudo o que era possível para chegar à final. O lance derradeiro agora estava nas mãos do público. Por que Fernanda, e não Andressa ou Nasser? Porque a retórica de Fernanda foi mais convincente e suas contradições e idiossincrasias foram menos exploradas nas edições. Andressa no papel de mocinha ingênua não convenceu, ainda mais quando chamada de “Santinha do Pau Oco” de chamego com Nasser, tratado ao vivo pelo Bial, como sapo grilo.... mas, por outro lado, a quem poderia convencer Fernanda, graduada em Direito, a caminho de seus trinta anos, crendo ser uma princesa com coroa de papel alumínio posta na cabeça, agarrada a uma bola de meia numa vassoura pra chamar de princeso?!? Piegas e apelativo, não? Mas editado como uma bela e romântica história de amor, com direito a trilha sonora e tudo. Na troca constante de posições das peças no tabuleiro, o público a final escolheu o faz-de-conta inventado por Fernanda e muito bem editado pelo Bonifácio. A moral da história é que o BBB mudou, está cada vez mais distante de pessoas reais, dispostas a partilhar de forma autêntica e verossímil o que pensam e o que são com o público, por mais que eles se esforcem em dizer para as câmeras que são verdadeiros e eles mesmos. Tudo é muito estudado antes de entrar na casa, não são apenas participantes são PHDs em BBB; lá dentro os passos são meticulosamente calculados pra não se queimar e evitar uma alta rejeição do público. Hoje, eles montam o personagem como querem e as redes sociais desconstroem como lhe convém. O jogo está mais voltado pra dentro da casa, e com isso perde o espetáculo; aquele que mexia com as nossas emoções e vísceras para o bem ou para o mal e nos mantinha cativos até o último minuto. Poderia ter sido diferente? Poderia. Mas não foi.--------------------------------------------------------- Shadow