Em determinadas épocas do ano passamos por diversos tipos de emoções e experiências coletivas, como na Páscoa, Natal, Reveillon, etc.
Porém, as verdadeiras emoções independem de datas comemorativas ou compromissos familiares de celebração. São momentos especiais, nada comuns, bem raros até, que nos fazem sentir nosso contato original divino como seres humanos, criados à imagem e semelhança do Criador.
Emoções todos temos, desde um torcedor ou um fã, alguém que se emociona com uma cena de filme ou novela, uma canção, entretanto, não seria bem por ai que os sentimentos mais sublimes e naturais se manifestam.
Paixões e excessos emocionais, por certo não estão dentro dos limites de uma sensibilidade e sensitividade ideais para nós, seres imperfeitos e claudicantes em nossas vidinhas bem diferentes do que idealizamos e projetamos em nossos ídolos e mundos sonhados.
Há uma enorme diferença entre emoções coletivas gratuitas e instintivas, contagiantes e outras de cunho somente pessoal e não compartilhadas.
Todos nós temos uma tendência ao “mimetismo” (o ato de imitar ou copiar comportamentos). Se alguém, ri, chora ou boceja, tendemos a ter o mesmo comportamento reativo. Portanto, devemos separar o que é uma sensação ou emoção grupal de uma individual, que apenas a nós compete existir e se fazer sentir.
Quantos se lembram daquela lágrima serena vertida, do arrepio subindo pela espinha, de um olhar comovido, abraço ou sensação de realmente ser humano?
Quantos mais saberiam distinguir entre verdadeiras sensações espirituais, que sublimam e transmutam nossos instintos, daquelas quando em meio à multidões ou sentimentos coletivos?
Quase todos se tornam mais receptivos, abertos, sensíveis e emotivos em datas especiais acima citadas, como; no Carnaval, Páscoa, Natal, Reveillon, etc, porém não durante o resto do ano.
O que provocaria e o que restringiria esta manifestação natural humana durante tantos dias de nossa existência cotidiana?
Por que somos mais sensíveis e emocionais somente em determinadas circunstâncias coletivas oficialmente aceitas e escolhidas?
Será que estas emoções e “abertura”, “receptividade” e maior expressão de sentimentos seriam apenas artificiais, condicionadas pela mídia, pela tradição cultural ?
Já dizia Goebbels, o “cérebro" da propaganda nazista alemã durante a Segunda Guerra Mundial, que, "uma multidão, especialmente à noite, submetida a luzes, fogos e manifestações de apoio ordenadas, se torna em idade mental semelhante a uma criança de 8 anos, passível de ser condicionada ao bel prazer de seus manipuladores."Ele não estava errado e, décadas depois , a mídia usa e abusa destas técnicas nazistas para vender seus produtos e “ídolos”.
Só saberemos distinguir realmente entre uma emoção sublime, humana e outra “contagiante”, “mimética”, quando nos livrarmos da influência coletiva, do que os “outros” fazem ou pensam.
Somente a “solidão” assumida, a “viagem ao nosso centro vital”, nossa sensação de sermos únicos e sós no mundo, podem nos levar a alcançar a verdade de uma emoção e de uma “lágrima serena”.
Por que acham que todos os maiores mestres e “iluminados” de nossa História viveram sós e jamais com responsabilidades familiares ou profissionais?
Assim como uma “lágrima serena” é única , do mesmo modo somos únicos e sós, neste mundo de tantas adversidades e desafios.
Podemos ter filhos ou não, família ou não, responsabilidades ou nenhuma, porém, sempre estaremos sós diante de um cenário repleto de outros seres como nós, sentindo ou não como sentimos, se emocionando ou não, mas sós...até que o destino nos livre desta convivência terrena.
Acontecimentos coletivos podem sim, despertar em muitos de nós emoções saudáveis e capazes de nos levarem a estágios mais sublimes de sentimentos, como o de um romantismo, respeito humano, solidariedade e outras manifestações humanas de grande valor espiritual.
Dependerá de quais deles e se forem absolutamente naturais, não condicionados pela mídia, somente reações populares imprevisíveis, como se numa “catarse coletiva” envolvendo a “Psique” de milhões num determinado momento ou fase .
O sentimento de “justiça” de “indignação”, ternura, amor e carinho, por vezes provocado por eventos ou produções da mídia, mesmo que tenham saído do controle de quem os pretendeu projetar, também são manifestações válidas de uma “sublimação de instintos” e valores mais humanos.
Portanto, jamais reprimam nem tentem evitar a sua “lágrima serena”, capaz de fazê-los sentir mais humanos.