domingo, 21 de dezembro de 2008

Uma "Lágrima Serena".

Em determinadas épocas do ano passamos por diversos tipos de emoções e experiências coletivas, como na Páscoa, Natal, Reveillon, etc.
Porém, as verdadeiras emoções independem de datas comemorativas ou compromissos familiares de celebração. São momentos especiais, nada comuns, bem raros até, que nos fazem sentir nosso contato original divino como seres humanos, criados à imagem e semelhança do Criador.
Emoções todos temos, desde um torcedor ou um fã, alguém que se emociona com uma cena de filme ou novela, uma canção, entretanto, não seria bem por ai que os sentimentos mais sublimes e naturais se manifestam.
Paixões e excessos emocionais, por certo não estão dentro dos limites de uma sensibilidade e sensitividade ideais para nós, seres imperfeitos e claudicantes em nossas vidinhas bem diferentes do que idealizamos e projetamos em nossos ídolos e mundos sonhados.
Há uma enorme diferença entre emoções coletivas gratuitas e instintivas, contagiantes e outras de cunho somente pessoal e não compartilhadas.
Todos nós temos uma tendência ao “mimetismo” (o ato de imitar ou copiar comportamentos). Se alguém, ri, chora ou boceja, tendemos a ter o mesmo comportamento reativo. Portanto, devemos separar o que é uma sensação ou emoção grupal de uma individual, que apenas a nós compete existir e se fazer sentir.
Quantos se lembram daquela lágrima serena vertida, do arrepio subindo pela espinha, de um olhar comovido, abraço ou sensação de realmente ser humano?
Quantos mais saberiam distinguir entre verdadeiras sensações espirituais, que sublimam e transmutam nossos instintos, daquelas quando em meio à multidões ou sentimentos coletivos?
Quase todos se tornam mais receptivos, abertos, sensíveis e emotivos em datas especiais acima citadas, como; no Carnaval, Páscoa, Natal, Reveillon, etc, porém não durante o resto do ano.
O que provocaria e o que restringiria esta manifestação natural humana durante tantos dias de nossa existência cotidiana?
Por que somos mais sensíveis e emocionais somente em determinadas circunstâncias coletivas oficialmente aceitas e escolhidas?
Será que estas emoções e “abertura”, “receptividade” e maior expressão de sentimentos seriam apenas artificiais, condicionadas pela mídia, pela tradição cultural ?
Já dizia Goebbels, o “cérebro" da propaganda nazista alemã durante a Segunda Guerra Mundial, que, "uma multidão, especialmente à noite, submetida a luzes, fogos e manifestações de apoio ordenadas, se torna em idade mental semelhante a uma criança de 8 anos, passível de ser condicionada ao bel prazer de seus manipuladores."Ele não estava errado e, décadas depois , a mídia usa e abusa destas técnicas nazistas para vender seus produtos e “ídolos”.
Só saberemos distinguir realmente entre uma emoção sublime, humana e outra “contagiante”, “mimética”, quando nos livrarmos da influência coletiva, do que os “outros” fazem ou pensam.
Somente a “solidão” assumida, a “viagem ao nosso centro vital”, nossa sensação de sermos únicos e sós no mundo, podem nos levar a alcançar a verdade de uma emoção e de uma “lágrima serena”.
Por que acham que todos os maiores mestres e “iluminados” de nossa História viveram sós e jamais com responsabilidades familiares ou profissionais?
Assim como uma “lágrima serena” é única , do mesmo modo somos únicos e sós, neste mundo de tantas adversidades e desafios.
Podemos ter filhos ou não, família ou não, responsabilidades ou nenhuma, porém, sempre estaremos sós diante de um cenário repleto de outros seres como nós, sentindo ou não como sentimos, se emocionando ou não, mas sós...até que o destino nos livre desta convivência terrena.
Acontecimentos coletivos podem sim, despertar em muitos de nós emoções saudáveis e capazes de nos levarem a estágios mais sublimes de sentimentos, como o de um romantismo, respeito humano, solidariedade e outras manifestações humanas de grande valor espiritual.
Dependerá de quais deles e se forem absolutamente naturais, não condicionados pela mídia, somente reações populares imprevisíveis, como se numa “catarse coletiva” envolvendo a “Psique” de milhões num determinado momento ou fase .
O sentimento de “justiça” de “indignação”, ternura, amor e carinho, por vezes provocado por eventos ou produções da mídia, mesmo que tenham saído do controle de quem os pretendeu projetar, também são manifestações válidas de uma “sublimação de instintos” e valores mais humanos.
Portanto, jamais reprimam nem tentem evitar a sua “lágrima serena”, capaz de fazê-los sentir mais humanos.

6 comentários:

Sol disse...

Boa tarde Homero!

Olhando toda essa movimentação de final de ano, chego a seguinte conclusão, se Freud ou Jung vivessem nesses tempos atuais, estariam triliardários, o que tem de gente que desparafusa, é uma grandeza!

Encontro de tudo,pessoas possuídas por uma febre consumista ou atingidos por uma depressão sem tamanho, valha-me Deus!

O Natal, proporciona uma mudança de comportamento no mínimo estranha,e se voce, não acompanha o "espírito", é taxada de insensível.

Muitas vezes me "culpei" por não me contagiar com determinadas situações,principalmente quando era mais jovem,mas agora, a idade me trouxe uma certeza,não preciso participar do que não gosto.

Me emociono com pequenas coisas, uma cena, uma frase, uma imagem,tento ficar longe de situações que me incomodam,não gosto de gritaria e nem de pressa,aprendi a respeitar o meu tempo sem com isso, desrespeitar os demais.Participo de algumas comemorações,porque isso faz parte do processo social mas se sinto que a coisa desanda, caio fora! sem a mínima culpa.


Solange

Araguacy disse...

Caríssimo Homero,

Muito oportuno o seu comentário.

Os momentos mais significativos quando a "lágrima serena" manifestou a nossa essência, nossos sentimentos mais verdadeiros foram justamente aqueles em que vivemos um momento especial de intimidade conosco mesmos. Ainda que o motivo dessa emoção tão intensa tenha sido alguém muito amado, a sensação é particular ,indivisível, solitária sem solidão, plena e imensa como o Universo!
E talvez, apesar de tão pequenos e ainda tão incompletos compo criaturas divinas, seja esse o momento em que mais nos aproximamos de Deus, em Seu poder e beleza .
Não há necessidade de mostrar o que sentimos e quem somos, porque nós somos o sentimento e o ser!!

Abraços!

Sol disse...

Dizem que, quando Deus criou o homem, o fez para que vivesse só mas,todos os animais tinham um par, e com isso pareciam mais felizes e brincalhões, só Adão parecia triste e calado, Deus notou uma pequena gota escorrer dos olhos de Adão e, entendeu que a solidão não era boa.
Infelizmente, apesar de Adão ter sido feito a imagem do criador não tinha evolução espiritual, era primitivo e precisava de alguém para trocar emoções, dúvidas, alegrias e tristezas.

E é assim até hoje.


Solange

Elen Maria disse...

Nada a ser dito. Perfeito!!!

Obrigada.

Anônimo disse...

ALO HOMERO
o q as vezes acontece e q esquecemos do verdadeiro significado do natal e o nascimento de cristo não e a entrega de presentes mas sim a renovação q devemos fazer em nossas vidas ou seja a reforma intima q devemos passar pois logo a seguir se encerra o ano e começa uma nova etapa um novo ciclo q e a continuação do ciclo anterior
QUE DEUS NOSSO CRIADOR E JESUS NOSSO IRMÃO NOS ILUMINE ABENÇOE E GUIE HOJE E SEMPRE

LIA POA RS

Anônimo disse...

Sr. Homero
Para quem distribui e/ou ganha carinho-amor-ações concretas de ajuda o ano inteiro, pergunto:
-Qual é o grande problema em comemorarmos com alegria e solidariedade?
Meu grupo têm as respostas e você?
Shalom!
Faça seu Chanukah