"Koans" são ensinamentos, ou parábolas usadas pelos mestres orientais, principalmente os tibetanos para despertarem a reflexão e julgamento de seus "chellás" (aprendizes e discípulos do templo).
Deixo bem claro aqui que estes são somente produto de minhas meditações ao longo de minha humilde existência.
Reflitam!----------------------------------------------------------------"O sábio nada sabe sobre o nada, que sabe não ser nada do que sabe por puramente nada saber o que não sabe nem poderia saber sobre o nada pois o nada sabe dele o que ele não sabe , mas o mestre sabe , porém cala, porque se falasse não saberia falar sobre o nada que sabe ."
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Morda o cão e ele nunca o perdoará por ser igual a ele, mas será seu eterno e fiel amigo...
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Um dia , um "chellá" ainda muito jovem, uma criança , cuidava de uns Yaquis(vc sabe o que são? Aqueles bois do Tibet) e olhava ao longe seu Mestre cercado de ouvintes .Na manhã seguinte, sem cerimônias,em sua inocência, perguntou ao Mestre; " acaso todas aquelas pessoas entenderam suas palavras?" e o Mestre respondeu;" nem todas, nem muitas, mas quando entenderem as SUAS palavras terei sido compreendido..."
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Um dia uma menina se aproximou do templo e observou dois monges que manipulavam escorpiões. Eles advertiram-na que escorpiões picam , ferroam e são mortais às vezes . Mas ela se aproximou mais e mais dos escorpiões , porque era muito curiosa e confiante...
mesmo assim a menina curiosa e confiante continuou e chegou bem perto dos escorpiões já acostumados aos monges. Estendeu a mão e a levou bem perto dos ferrões. Eles se viraram simultaneamente e subiram em sua mão sem picá-la. os monges ficaram surpresos com aquela reação e se excitaram em dúvidas e emoções. Os escorpiões os picaram ...apenas aos monges .
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Numa pequena aldeia, perto de um bosque onde os monges costumavam meditar, duas mulheres discutiam acaloradamente quase se agredindo. Ao perceberem que um dos monges passava pelo local,uma gritou para a outra;"cale a boca! não respeita nem um homem santo?". O monge calmamente interveio, dizendo;"a culpa não é dela, eu é que não estava atento ao meu caminho..."
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Havia uma pedra no caminho, em volta e mais adiante muitas mais, mas aquela pedra era o caminho...
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Um monge separava o arroz e meditava sobre o universo e a criação , quando num relance de idéia lhe veio que o universo estava nele e o arroz era o veio do Criador entre grãos e paciência ...
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Certa vez um discípulo retirava a neve acumulada à porta do templo e o mestre se achegando disse; “por que retiras a neve?”
O Discípulo se espantou com a pergunta pois pensava estar cumprindo da melhor maneira sua obrigação. Respondeu meio titubeante;” porque esta é minha obrigação e colaboração para que não impeçam seus passos Mestre.”
O Mestre indagou;” acaso pensas que retirando obstáculos caminharemos melhor?”
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Se você atira uma pedra num lago , o que você vê? As ondas concêntricas se espalhando ou a pedra invisível e submersa?
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Num certo dia, um mestre ZEN pediu que seu discípulo pegasse uma maçã e a “observasse”, meditando sobre o que via por vários dias mais , jejuando, até que ele voltasse.
O discípulo (Chellá) ali ficou, com a maçã na mão, olhando fixamente a maçã e meditando...
Dias depois o mestre retornou e perguntou...
"O que viu?"
Mais do que rapidamente, o discípulo que não tinha sequer mexido ou mudado de posição segurando aquela maçã, esfomeado e cansado tentou dizer coisas sem nexo, que, com certeza traduziam sua angústia por nada ter visto, senão aquela maçã sem que pudesse devorá-la.
“Eu conheço já tudo sobre cada pedacinho desta maçã mestre!"
Então o mestre perguntou... "você girou a maçã?
Viu suas outras faces e diferenças?"
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Assim como Rousseau o "caminhante solitário" "Les Reveries du promeneur solitaire" ("Devaneios de um caminhante solitário"),
aprecio caminhadas noturnas, de madrugada, quando todos sossegam, quase sempre com meus cães.
Quando não posso, ando pelo quintal e pela casa “matutando”.
Pisei numa pedra.
Hoje em dia as pessoas têm horror a uma casa onde haja um pedaço de chão sem piso ou cimento.
Não entendem que “a terra precisa respirar”...
Será que a pedra encontrou minha sandália, que me sustenta o pisar e acima de minha cabeça o céu me sustenta, ou o céu me fez notar a pedra que sustenta a terra que respira o mundo?
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Entenda uma coisa ... olhe seus pés... fite-os bem e por bons minutos... o que você vê?
Dois pés calçados ou não?
Apenas isto?
Entenda que os pés são a base de sua existência humana, mas os "koans" são o ápice de sua pretensão como ser!
"Koans" não são "pisáveis" , são "sensibilizados" de acordo com a receptividade e empatia que gerem...
Se você dá um "quitute" ao seu cão, você o está agradando.
Se você recebe um "quitute " sem saber de onde , você se surpreende e não sabe como explicar.
Sabedoria é saber humildemente se surpreender com o imponderável...
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Note bem, que, quem se julga com poder de influir, nem sempre pode .
Quem se acredita possuir nem sempre possui.
Quem joga uma moeda viciada não é um mestre , é um líder e tem poder para influir sobre os seus.
Um verdadeiro mestre não "vicia" a verdade, deixa-a existir e se submete a ela , porque sem ela ele não existirá.
Nasceram 12 crias aqui, e eu as acompanhei, gosto de bichos, até acolho os abandonados em minha porta.
Alguns morreram sobraram estas. Eu os enterrei e os vi mortos.
Se os vi não me fizeram morrer por isto, nem uma face da moeda me faria morrer. Apenas a verdade nos faz viver ou morrer.
Se uma moeda tem as mesmas faces , a vida terá duas mais a lhe contrariar o destino. Se um mestre usar de engodo e engano a vida o enganará por ser insano...
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A "paz" não vem de lugar algum? Acredita que venha?
A "paz é um "estado de espírito"
O que é o "Espírito" senão um entre a vasta gama de energias no branco cenário da "Mente Superior"?
Entenda que ser apenas uma "faísca" é dom e capacidade , doada pela Criação. Criação é o "Absoluto e Nada" pois não existe realidade em "Maya" nem em unidade primordial.
Apenas o "Nada" . Este é Deus ... o Nada é Deus!
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Num certo dia e época, um certo monge ,meio rebelde e refratário a algumas regras do templo, que vivia mais afastado com seus "Yaquis" e cães , passou a receber visitas de curiosos que queriam saber sobre vários assuntos e perceberam que somente este homem , que se libertou , mesmo que parcialmente da disciplina templária , poderia esclarecê-los.
Ele e seu discípulo mais novo, estavam surpresos com aquela súbita presença de tantas pessoas interessadas em saber de tudo e da razão de viver.
Depois de meditar , adotou a seguinte prática.
Para cada um que perguntasse faria duas perguntas ambivalentes. Ou seja . Se alguém perguntasse; "qual o sentido da vida?" responderia; "qual a necessidade da vida e qual o mal da vida?"
Os interlocutores , é óbvio, ficavam desconcertados e surpresos com uma resposta que não era resposta nenhuma.
Assim foi e cada um abandonou sua vontade de obter "respostas sábias" .
O Monge retornou ao seu rítmo normal de vida e seu discípulo entendeu ao vê-lo , que ,
A verdade não está em palavras pois estas podem ser manipuladas, a verdade está no silêncio da humildade de perceber...
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O "Ágape"
Havia um cara chamado "Nasrudin" , acho que já o conheçam por sua teimosia e falta de lucidez mesmo ante seu mestre .
Pois é... o carinha insistia em ser contrário ao certo.
Um dia "Nasrudin" foi chamado por seu mestre para fazer parte de uma cerimônia, uma espécie de "banquete" se é que podemos chamar assim um almoço entre monges.Ele prontamente correu para lá pois isto era uma honra.
Os monges ali sentados, pouco falavam e pouco comiam , mais atentos ao estado geral , o "clima" do evento...
Nasrudin, não! Comeu de tudo se lambuzou e ainda arrotou bem alto para mostrar satisfação pelo "ágape" substancial.
Ora... de repente todos os monges arrotaram , junto com Nasrudin. Ficou aquele embaraço , que ninguém sabia explicar porque.
Um dos monges resolveu falar .
" Arrotamos" para que o menor de nós não ficasse embaraçado perante o "Ágape" do "Maior".
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A "sabedoria de ser"
Todos procuram em livros , dogmas, doutrinas, exemplos e guias para a sabedoria.
Ninguém busca em si mesmo o saber real!
Querem livros?
Temos vários.
Querem palavras?
Temos diversas .
Querem sabedoria?
Danem-se e busquem a sua ...
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Um monge passeava entre bosques , quando estes ainda existiam sem donos, pois monges necessitam de bosques sem donos para meditarem.
Bosques com donos e terras ecologicamente harmoniosas, não podem ser propriedade de interesses escusos, devem estar abertos e receptivos aos que buscam a paz e tranqüilidade .
A terra é de Deus , os homens também , portanto, terra e seres humanos, são da criação e a propriedade é uma eventual situação perante um estado de forças em conflito.
O monge que citei passeava calmo e meditativo em seu bosque , sem se preocupar com estas questões de quem possui o que ou quem é o proprietário do bosque em que ele caminha.
Um monge apenas caminha...
O caminho “caminha” o monge e ele se deixa levar pela estrada da vida .
Quem é um caminho é um monge em vida, quem possui o caminho nem sempre terá a estrada nem será um monge .
Quem possui a estrada é o rei do caminho e um monge , nada , pois ser monge é ser nada além do caminho e da estrada.
Ser dono do caminho e do bosque do monge é ser também nada, pois sem o monge ser dono de sua propriedade o dono nada é , apenas um pretenso dominante ser sobre o nada pois o monge e a estrada são nada.
Ser nada é ser !
Pois o nada é o verdadeiro ser !
O nulo , a negação da existência, é o espaço para a criação do universo!
Sem espaço para criação não há universo , portanto o nulo é a casa , o abrigo da existência de tudo formado e criado !
Sem espaço a ser preenchido não há criação, portanto o NADA é a raiz e razão da existência do mundo, o caminho do monge , o que o dono do bosque não pode entender não ser seu por direito nem a vida explicar a todos o que o monge , o dono do bosque , o universo e o NADA explicam!
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Existia um "chellá" (discípulo) que alimentava uns "yaquis" (tipo de bois)em Lhasa.
Ele fazia isto para continuar tendo a oportunidade de conviver com os monges .
De tanto fazer isto , o "chellá" um dia viu que os "yaquis" que tanto cuidara ,eram os monges e que sua missão era "servir" para se iluminar...
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Um monge observava a água que corria solta num riacho.
Somente soube que ela não se movia quando sua mente parou...
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(All rights reserved HMF) (em breve num livro...)
O trabalho KOANS de Homero Moutinho Filho está licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Baseado no trabalho disponível em www.fator-psi.blogspot.com.