Uso esta expressão um tanto "forte", porque encaro a indústria do entretenimento como semelhante ao mercado de drogas, pelos métodos e resultados em termos de condicionamento psicológico e consequente dependência psíquica.
O ser humano tem 3 tipos de “cérebros”, um deles, o mais primitivo e existente em diversos animais pré-históricos remanescentes é o denominado “cérebro réptil”, responsável por nosso instinto de luta pela sobrevivência, posse territorial, comportamentos repetitivos, “ritualísticos” como os rituais de acasalamento, hábitos arraigados, manias e atos involuntários, inconscientes, característicos da espécie.
Os imensos lagartos de Galápagos e outras regiões representam muito bem o que seria este “cérebro réptil” , como exemplos , por não possuírem a mesma conformação cerebral e evolução dos mamíferos, cujo cerebelo rege as reações mais “emocionais” e de vínculo, como o “instinto materno”, etc.
O que fazem os traficantes? Primeiro distribuem gratuitamente a droga, depois cobram dos que ficaram dependentes dela.
Como foi a introdução do Big Brother no Brasil?
No primeiro, o BBB1, apesar das dificuldades técnicas e de estrutura,pois não havia banda larga nem recursos audiovisuais hoje comuns, criaram um “assista de graça 24 hs ao dia”, o oposto de um “PPV”. No ano seguinte passaram a cobrar e reduzir os privilégios antes oferecidos aos internautas, mercado alvo principal, constituído majoritariamente por jovens, geralmente não afeitos a novelas ou outras atrações televisivas.
Nem todos os filmes têm um “final previsível” e feliz. Todas as novelas têm.
Se sabemos de antemão como será o final, por que aturamos 180 angustiantes
capítulos, ao invés de sairmos para passear, nos divertir, falar com amigos pela Internet, namorar, ou lermos um livro?
Em primeiro lugar vem o nível educacional de um povo e o nosso é baixíssimo.
Em países culturalmente mais evoluídos, quem assiste novelas são em maioria imigrantes.
Em segundo, a insegurança urbana, que serve como controle social.
Este é o verdadeiro “Big Brother” em que vivemos, condicionados, acuados e coagidos, como cobaias de laboratório.
As novelas satisfazem carências emocionais humanas, não realizadas plenamente no cotidiano, principalmente em relação ao elemento feminino.
O fenômeno psicológico de “transferência” como uma espécie de “projeção” inconsciente se efetua, formando um hábito, como o de se alimentar em horários definidos. O marido chega em casa cansado, vai jantar, não tem mais a mesma atitude de afeição ou atração de antes, quando do início do relacionamento, a vida não apresenta outra “válvula de escape” para frustrações reprimidas, a “transferência” se efetua inconscientemente do casal para a “telinha”, onde suas fantasias e emoções não mais capazes de serem vividas ou despertadas são realizadas pelos personagens com os quais se identificam. Uma espécie de “second life” mais segura, porque não há risco de envolvimento pessoal.
O mesmo vale para quem está só e carente, sem uma devida realização afetiva.
A tarefa mais árdua e difícil em termos de “marketing” é conquistar consumidores já acostumados a uma determinada marca, pois nosso “cérebro réptil” tende a nos fazer repetir instintivamente atos já enraizados, daí nossas “preferências” muitas vezes não bem justificadas por determinados produtos, induzidos por sugestões “subliminares” ou condicionamentos sociais. A noção de “status” não é privilégio dos humanos, pois existe entre os animais considerados “irracionais”.
“Status” equivale a “poder” e este ao privilégio de satisfação de nossas mais inconfessáveis necessidades e desejos.
Na maioria das vezes o “status” não significa a concretização de uma situação de “poder”, mas a “sensação” abstrata de “poder”.
Esta palavra; “poder”, para os povos de origem anglossaxã (ahhh...reforma ortográfica imbecil...) não existe com o mesmo significado dos povos latinos ou “semitas”, pois “power” significa “força”, enquanto que, “poder”, não necessariamente é obtido pela capacidade ou porte físico superior, mas sim, a capacidade de “ter”, usufruir, mandar e se proteger, usando a astúcia.
Uma vez satisfeita a carência pelo prazer abstrato oferecido por uma “transferência” ou projeção “segura”, dificilmente o “vício” não se instale.
Daí para frente, poderá perdurar por gerações, como ocorre no Brasil, desde o advento do rádio, depois substituído pela televisão.
“Criar” um “hábito” não é tão fácil quanto imaginam. Se fosse, não necessitaríamos de profissionais competentes na área publicitária.
Os norteamericanos de ascendência européia anglossaxã, independentemente de níveis culturais ou educacionais, são práticos, objetivos, detestam vítimas ou perdedores,adoram os fortes, ricos e vencedores, não gostam de episódios angustiantes prolongados, preferem seriados divertidos e compactos, embora alguns durem anos, mudando apenas os atores.
Já os latinos, mesmo os europeus mediterrâneos, africanos, semitas (incluindo alguns considerados árabes) e asiáticos, preferem as vítimas, sofrimentos, desejos satisfeitos somente após duras provas e impedimentos.
A razão do sucesso (nem tanto na Europa e América do Norte excluindo o México) do gênero “reality show” se deve ao fato de ser uma “novela” sem enredo, com liberdade para os participantes forjarem seus destinos. O mesmo não ocorre no Brasil, onde são apenas “cobaias” dependentes e manipulados pela vontade da produção.
Não é fácil curar um dependente de drogas. Podemos fazê-lo deixar de comprar de um determinado fornecedor, oferecendo outra, porém melhor, a preço igual ou mais barata. Portanto, tentar “roubar” consumidores cativos, com hábitos arraigados e satisfeitos por suas “projeções” emocionais diárias, oferecendo a “cura” ou outro “produto” que não forneça a mesma “ilusão” gratificante é pura perda de tempo e dinheiro. Jamais conseguirão.
Cada novela atende a uma necessidade de “novidade”, mas que não seja tão surpreendente, imprevisível, estranha ou chocante, para que não desperte em nosso “cérebro réptil” o medo do estranho, mudanças radicais de conceitos ou costumes consolidados.
Apenas a parcela mais jovem de uma população, aceita “novidades revolucionárias”, porque ainda não estão “cristalizados” os conceitos e hábitos. Quanto mais alto o nível sociocultural de uma classe, maior independência de opinião e rejeição aos hábitos dos mais idosos, quanto mais baixo , maior o “mimetismo” (tendência à imitação) e dependência.
Em vista desta diferença já sentida pela grande mídia, pela “migração” de milhões para a Internet e outros meios de comunicação, as novelas vem “caindo de nível”, quanto ao conteúdo, apelando mais para os conflitos emocionais, cenas despropositadas, por vezes sem nexo ou ridículas, do tipo “dramalhão mexicano”, mais ao gosto das parcelas de classes mais baixas.
Os “traficantes de ilusões” não admitem sequer a hipótese de perderem consumidores cativos. Assim funciona o sistema capitalista. Talvez um exemplo de “reação instintiva” ou “luta pela manutenção do "status" e "sobrevivência” , seja a das redes de televisão.
Antes mesmo da estréia do “reality” “A Fazenda”, as emissoras trataram de planejar suas defesas estratégicas. Algumas ou todas, quem sabe, até lançaram mão de seus inúmeros contatos na mídia para amenizar a expectativa de uma “novidade” no mercado, capaz de alterar a ordem das coisas, conquistando audiência. A reação da Globo foi flagrante. Mudaram tudo, horários e grades, até eliminaram os comerciais e emendaram os programas. Conseguiram evitar o pior e melhoraram o conteúdo do "Fantástico".
O “reality” nem havia começado e já existiam críticas em blogs e portais, numa clara tentativa de “desqualificação” como “novidade” , taxando-o de “recópia” do BBB, quando, na verdade, este “reality” não foi “inventado” agora pela Record e sim criado em 2001 na Suécia. Arranjado às pressas foi o tal do “Jogo Duro”, aliás insuportável e de “reality” não tem nada, nem votação, tudo gravado até o resultado.
Tentar oferecer a satisfação de um “vício” em fase intermediária de “prazer” e satisfação sensorial, como o de uma novela já na metade, sugerindo outra “droga”, de conteúdo mais ou menos conhecido, embora com novidades, mas em fase inicial de identificação ,“cognição” e assimilação, é burrice!
Se temos um inimigo a ser vencido, não atacamos pelos flancos mais fortes e defendidos, mas pelos mais frágeis e do modo mais inesperado possível.
Quais os horários mais frágeis da emissora líder? Estes “flancos” estão sendo atacados e conquistados pela manhã e tarde. Outros são os dos programas depois das novelas e do final da noite onde a Globo não consegue liderar nem com o Jô Soares.
“Zorra Total”, “Programa do Didi”, são para os mais idosos e crianças agregadas. “Casseta e Planeta” embora agrade parcelas não
tão idosas, também é um “flanco frágil”. Todos os três, atingem mais as classes, C,D e E, pois as mais altas, A e B , principalmente os jovens, já “migraram” para a Internet, até mesmo os pobres, pelas “lanhouses”.
O “vício” das novelas não têm limites de dependência, daí termos tantas em todos os horários possíveis, até “repetecos”.
Quer tal uma novela “reality” logo após o “dramalhão” do “horário nobre” que não é mais tão “nobre” e limitado como antes?
Questão de estratégia, pois em programas de quadros fixos, geralmente repetitivos e previsíveis, seria dificílimo mudar ou inventar alguma coisa para manter a audiência, sem adulterar a forma e conteúdo dos mesmos.
Fazer o que? Colocar sempre o Ronaldo por garantia, todas as semanas?
Trocar os humoristas e aposentar os idosos diretores?
Quando os traficantes ainda eram poucos e “fichinhas”, incomodaram os “bicheiros” poderosos e já estabelecidos como “donos de seus territórios”.
Alguns simplesmente passaram a traficar também, mas foram “perseguidos” pela Justiça, muitos deles presos, o que abriu caminho para o domínio dos traficantes nas favelas. “Jogo do bicho” era coisa de “povão”, mais das classes C,D e E. As classes A e B necessitavam de outras compensações e prazeres.
Depois da proibição dos cassinos (assim como recentemente com os bingos) só restava apostar na loteria ou no “bicho”.
Com a “revolução dos costumes” da década de 60, vieram as drogas,
para compensar a frustração psicológica de toda uma geração, pelas
revoluções reprimidas e mal sucedidas. Hoje não são mais os bicheiros os poderosos donos das favelas e periferias, são os traficantes, em eterna disputa intestina pelos “territórios”, agora também superados pelas “milícias”.
Exemplos característicos de manifestação de “cérebros répteis”, porém, a fragilidade está na rigidez de métodos e hábitos já cristalizados, quando se trata de reações de defesa. Quanto maior o “poder” e hegemonia, maiores os flancos e fragilidade, porque uma superestrutura é como um “elefante imenso”, muito pesado, sem muita “flexibilidade”, lento em mobilidade, se cair pode machucar muitos que se encontrem sob sua proteção.
Mudar de uma hora para outra a “grade de programação” de uma emissora de segunda linha é fácil. Mudar a de uma hegemônica há décadas, com uma “fórmula” de sucesso já cristalizada é por demais arriscado e inseguro.
Para quem deseje realmente disputar ou até conquistar mais espaço na audiência, aconselharia a observar estes flancos mais frágeis, ameaçando os mais fortes e defendidos, mas atacando inesperadamente os menos guarnecidos, forçando os donos da fortaleza ou castelo a alterarem a sua estrutura. O domingo é o dia mais disputado pelas emissoras, porque é o único sem novelas. Ai está o ponto frágil de uma rede que lidera há 4 décadas e a enorme preocupação em manter a liderança do “Fantástico” no “horário nobre”, pois, se alguma outra concorrente, conseguir liderar neste espaço, poderá fazer chamadas ou lançar uma novela exatamente no “hiato” existente entre o sábado de repetição do último capítulo e “orgasmo final” de prazer após tanto tempo de espera e a segunda-feira, início da próxima.
Que tal antes de comprar outro maço de cigarros da mesma marca de costume experimentar este aqui, uma novidade, que também tem nicotina e talvez mais prazeiroso?
O “cérebro réptil” é o responsável por nossa “estratégia instintiva” de sobrevivência. O imenso lagarto “Komodo” que mede até mais de 6 metros, é capaz de observar por semanas a sua vítima humana ou não, estudando seu cotidiano, hábitos e horários em que poderá ser mais facilmente atacada e comida.
Em tempo: após o que sugeri em textos anteriores sobre o assunto e venho batendo na mesma tecla, a Record mudou inesperadamente o dia da prova do "A Fazenda", antecipando para hoje, em duas exibições, às 20:45 e outra edição diferente, logo depois de "Poder Paralelo".
Antes era a "Plim-Plim" que fazia exatamente o que era sugerido no meu outro blog; www.mbne.blogspot.com ,durante o BBB7, chegando ao extremo do Bial repetir uma frase criada por mim; "a presença da ausência" uma semana depois e as edições usarem imagens também sugeridas com bastante antecedência.
Sei que tem gente da Globo entre nossos leitores, mas não sabia que também tinha da Record, será "coincidência"?
9 comentários:
Ainda somos seres primitivos, e dentro dessa nossa caracteristica, buscamos sempre nos preservar, as mudanças são benvindas quando não alteram demais aquilo que já conhecemos.
Como escrevi antes,buscamos o novo, gostamos das novidades mas isso não nos impede de voltar ao que nos é conhecido, principalmente quando o novo não nos agrada, e isso é natural.
Por que não podemos gostar e continuar com o velho e conhecido?
Não há nada de errado em acompanhar e gostar de novelas ou realitys, por que tentar estabelecer um padrão e dividir as pessoas em grupos apenas por suas escolhas?, se fantasiam ou se projetam em personagens para fugir de um presente triste e solitário,o problema não está na emissora ou programa.
Cada pessoa busca aquilo que melhor compreende,não adianta tentar impor, tudo é uma questão de identificação.
Se for assim como classificaremos as pessoas nesse mesmo blog, que comentam sobre Iris e Diego a mais de dois anos? e também sobre Ana Carolina?
E agora sobre Theo, Dado, etc...?,
Dessa forma estaremos dando razão aos críticos e intelectuais,que nos consideram uns imbecis, desprovidos de inteligencia,por ainda perdermos tempo, analisando, debatendo, discutindo e torcendo por pessoas que não acrescentam nada a nossas vidas, porque mesmo que não queiram ,não há diferenças,entre o que a Globo nos mostra e a Record quer nos mostrar.
Solange
SOL.
Ai está a diferença entre acompanharmos, assistirmos, até "torcermos" de modo sadio,mas sem nos intrometermos como fanáticos nas vidas de pessoas ou personagens com os quais simpatizamos e gostamos.
Uma coisa é gostar mas se manter imparcial, justo,embora torcedor, outra é deturpar tudo e até agredir quem pense de maneira diferente da nossa. Ai é fanatismo !
Estes "críticos de plantão" são apenas os "imbecis falsamente elitistas",que nem berço têm mas tomam "Coca-Cola" e arrotam "scotch" de 12 anos. KKK.
Exatamente isso,conheço algumas pessoas que dizem não acompanhar novelas ou programas de televisão, simplesmente por considerar diversão de pobre, não gosto disso, além de uma mentalidade preconceituosa, é mentirosa.
Solange
Tem gente que não suporta críticas e até despreza textos que considferam "invasivos", mas , na verdade são apenas pessoas "invasivas".
Corrigindo"
"consideram".
Bom dia, Homero, lendo esse seu post, lembrei-me da estória de um casal q conheço, tios da minha amiga, estão bem maduros, nascidos em famílias humildes, lá nas Minas Gerais, ele venceu na vida, estudando muito, diz q é ateu, q crê no homem, comunista,aposentado engenheiro de uma grande estatal , coração boníssimo, dá guarida, sempre q alguém de sua terrinha precisa,bom, esse distinto sr. com idade avançada, não se permite nenhum tipo de diversão, principalmente a televisão, é anticultural para ele, gosta de papinho, e leituras, uma pinga, de vez em quando desde q seja artesanal, tem sempre um pequeno tonelzinho em sua casa, serve como iguaria aos amigos q apareciam.
Bem, isso foi no passado, hoje um tanto doente, ja não pode usufruir desse prazer, pela sua formação (escolha dele) educacional a televisão só é ligada para ver noticiários, ou programas comunitários, novelas nem pensar, foram diversas vezes a Cuba, vivem desse passado, só q a saúde mudou não é a mesma, ela está em depressão indo ao psiquiatra, digo, veja televisão, não gostam, adotem ou comprem um cahorrinho, não gostam, vá ao cinema, não gostam, vá caminhar, já não podem fazer como antes. Enfim, o tempo passou e eles não aceitaram o novo, dois velhos dentro de casa, em depressão, eu disse entre na internet, faça novos amigos, os velhos já se foram, não querem, conclusão vão morrer de tédio, o ser humano tem essa capacidade, ou avançam, ou se bloqueam, recusando o novo.
Sou as vezes "ridicularizada", pq gosto de BBB, nem ligo,meus filhos são os primeiros, sé é cultural ou não, quero ser feliz, (mas todos dão uma espiadinha quando vem em minha casa) quando o Flamengo joga, torço muito mesmo, se ganhar, ai eu tomo um porre endorfina, mas se não ganhar, também não morro, acho q ganham muito bem, portanto q façam sua parte. O ser humano está em constante evolução, ciência e tecnologia, imagine um tuberculoso, ir para o isolamento, hoje é tratado em postos de saúde,(um horror essa doença voltar deste jeito), o câncer ser tratado
só com analgésicos, infelizmente ainda não tem cura, temos q aceitar o novo. Vi a última olímpiada em HD, (lindo demais)imagine se a proxima não puder ser assim porque
um canal comprou os direitos e não tem como transmitir nessa imagem, é um passo atrás, como foi a tv a cores, hoje alguém conseguiria ver em pb. Acho q já falei d+. Acabo virando Monteiro Lobato, vige Maria Nosonra, inté + v.
Homero, completando o comentário, queria dizer o seguinte. seu texto, é ótimo, é para pensar, veja a estória desse casal,
eles tinham a ilusão de uma sociedade justa e se puniram, não aceitando a televisão como forma de distração, (a Globo nem pensar), criaram uma barreira pra eles mesmo, foram seus próprios "traficantes".
Nininha.
Viver "ancorado" no passado é a pior das ilusões.
SOL.
Leu o novo texto?
Viu como eu estava certo? Rsrsrs.
O "véio" aqui ainda entende um pouco do riscado.
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