quarta-feira, 18 de julho de 2007

Livre-arbítrio ou determinismo? (Parte 2)

Uma das coisas mais difíceis para nós é revermos nossas crenças e conceitos mais arraigados que formam uma estrutura de julgamento em todos os momentos da vida.
Quando algum fato coloca em xeque o que temos de mais profundo e “sólido”, como valores e “certezas” pessoais, geralmente tentamos “a priori” rejeitá-lo e negá-lo, pois nos coloca numa incomoda posição de questionamento interno insuportável, capaz de fazer desmoronar todas as nossas defesas.
Se alguém disser; "Há um elefante na sala" e provar que ele está lá, haverá alguém que dirá ser uma alucinação coletiva pois ele “NÃO PODE ESTAR ”, porque isto abalaria suas crenças e opiniões.
Esta é a razão de todas as mazelas e problemas pelos quais passamos, pois o fanatismo cego alimenta torcedores de futebol, religiosos e partidários políticos, que se recusam a enxergar a verdade quando esta contraria seus interesses e vontade.
A concepção do “livre-arbítrio” é muito recente, originária do humanismo e do positivismo, exaltada pelo comunismo e ateísmo posteriores.
Até alguns séculos passados o homem acreditava no determinismo e no destino.
Crer em algo “superior” a nós passou a ser uma espécie de atestado de burrice intelectual.
Para tudo há uma explicação lógica, dizem os materialistas e céticos mais radicais.
Segundo postula uma regra básica dos céticos, intitulada “navalha de Ockham”; "se há várias explicações igualmente válidas para um fato, então devemos escolher a mais simples".
Ou seja, não tentem se aprofundar no que não possam explicar, optem pela dedução mais fácil de ser defendida, mesmo que sem qualquer fundamento comprovado.
Fica mais fácil assim, não terem de rever suas “verdades” tão acalentadas por toda a vida como definitivas e inquestionáveis.
Perder as “certezas” equivale a cair de repente de um penhasco, como se nossa vida fosse subitamente abalada por um cataclismo de conseqüências imprevisíveis.
Isto mexe com nossa auto-estima e imagem, a “persona” ou personalidade social, que construimos arduamente para nos defendermos no mundo.
O que os mais intelectualizados pensariam se,de uma hora para outra, tivessem de admitir que não possuem qualquer “livre-arbítrio” e estão apenas participando como personagens numa peça escrita por um autor?
Seria um desastre total e até ai o destino nos remete a uma expressão francesa “des astres” (dos astros) para explicar a conexão dos fatos com influências exteriores além de nossa sabedoria humana.
Seria o mesmo que dizer;”tudo que você pensa que decidiu, não decidiu, estava somente cumprindo e desempenhando seu papel num inimaginável teatro da vida”.
Segundo a teoria “quântica”, teríamos infinitos universos paralelos e “realidades dimensionais”, além de universos compactados e campos de eventos, a serem “colapsados” pelo observador (nós).
Mais ainda, outros campos de “potentia” ou seja, uma espécie de teia eletromagnética capaz de “conceber coisas materiais”.
Sem desejar me aprofundar neste assunto, apenas o citei, para vermos que há muito ainda a ser descoberto e tudo nos leva a um retorno aos conhecimentos e sabedorias milenares, hoje considerados “misticismo” ou “Mitologia”.
Não é a toa que os maiores físicos e químicos contemporâneos são asiáticos (indianos e chineses).
A Ciência caminha em direção ao reconhecimento do Criador e dos mistérios da vida.
Partindo deste princípio de múltiplas dimensões existenciais simultâneas, poderíamos imaginar que não somos somente uma pessoa, porém muitas, cada uma vivenciando “realidades” diferentes ao mesmo tempo, só que, nossa consciência neste plano e dimensão não consegue perceber as outras “vidas” paralelas.
Num “outro mundo’ semelhante, Hitler teria vencido a guerra e nosso destino seria outro. Noutro Jesus jamais teria nascido e por ai vai esta imensa teia de probabilidades virtuais que entendemos como realidade material, submetida a um “tempo-espaço” que a Física já provou matematicamente ser inexistente.
Os astros, são como “acionadores” ou “colapsadores de realidades em potencial” num campo de eventos.
Desde que existam em nosso mundo representantes físicos, emocionais ou mentais do que cada um signifique simbolicamente, os fatos acontecerão exatamente na hora determinada pelos aspectos angulares que formem.
Portanto, para um acidente, guerra, doença, união, amor, etc, sempre terá de haver uma configuração astral causadora.
Causa-efeito, ação-reação, nexo causal, assim funciona tudo .
Se eu disser que os melhores alunos de um cursinho para o vestibular não conseguirão passar no concurso e que, ao mesmo tempo, os piores e menos preparados conseguirão, será prova suficiente para um cético admitir que não existe o tal do “livre-arbítrio” e tudo está “escrito nas estrelas”?
Não!
Ele fanaticamente insistirá que foi somente uma “incrível coincidência”, contrariando até a lei de probabilidades, que demonstraria ser quase impossível esta combinação simultânea, algo como uma chance de acerto em um milhão.
Portanto, nada conseguiremos perante mentes fechadas a argumentos e provas contrárias às suas “certezas” e crenças.
O ceticismo saudável, que nos protege contra fraudes, para não sermos ludibriados é bem-vindo, porém,não o excesso que nos tolha a visão e julgamento nos levando ao fanatismo exacerbado e nocivo.
Quando nos culpamos por termos perdido uma oportunidade na vida, na verdade não foi por nossa decisão ou culpa.
Apenas agimos de acordo com o nosso papel e personagem nesta imensa “peça teatral” que é a nossa realidade.
Por exemplo, se diversos indivíduos, num certo momento tiverem benéficos aspectos como entre Sol e Júpiter em seus mapas, cada um terá um resultado e potencial de alcance em termos de sucesso.
Um poderá ser eleito presidente da República, outro ter um aumento de salário, alguns somente um episódio de felicidade, elogio, recompensa material,etc, embora o aspecto seja o mesmo, porque tudo dependerá do “carma” pessoal.
Tentem imaginar, uma criança nascida ao mesmo tempo que o Diego (alemão), só que num acampamento de refugiados de guerra na África, faminta, desnutrida e quase “morta-viva”.
Na data e exato momento em que um vencia o BBB7 e abocanhava um milhão, a criança (hoje adulta com 26 anos) recebia alimentos e ajuda de uma entidade como a Cruz Vermelha.
É assim que as coisas acontecem, mas isto bate de frente com crenças e ideologias que insistem em negar o destino, afirmando que todos devamos viver num paraíso e termos as mesmas oportunidades, porque somos fruto somente do meio social e não existem “Espírito”, alma, índole, carma, etc.
Estão até hoje tentando “inventar” este “paraíso” terrestre.
Jamais conseguirão mudar uma lei superior que é a do carma.
Sempre haverá a desigualdade e diferenças de potencial entre os seres humanos, o que não significa que não devamos ajudar ao próximo a evoluir e tentar sanar suas necessidades.
Igualdade não se promove por decretos ou leis, se conquista por méritos e esforços próprios.
A evolução requer milhões de anos e encarnações, se bem que, inexista o tempo e tudo seja uma “viagem simultânea” de nossas consciências individuais, por múltiplas dimensões e mundos.
Mas isto é outro papo e se refere a conceitos lineares de tempo, reencarnação,etc.
Portanto, não se culpem em demasia por decisões e conseqüências, pois estamos somente tentando desempenhar o nosso papel na vida, da melhor forma que podemos, como “personagens” de um drama.
Façam como disse aquela nossa ministra desvairada; “relaxem e gozem” ...rs.

4 comentários:

Elite disse...

Copiei isso de um livro:

Um senso de certeza psicológica é uma parte de nossa identidade e nossa completa visão de mundo. Sem algum senso de certeza psicológica, nossas mentes não poderiam lidar até mesmo com decisões simples do dia a dia. Mas porque certeza psicológica não é sempre construída em fatos empíricos, coisas podem surgir de forma a ameaçar aquela certeza. E assim nós desenvolvemos “pontos cegos” a qualquer coisa que passe fora de nossa visão de mundo.

Pontos cegos são algo muito poderoso. Como discutimos, embora sempre haja toda uma situação, nós tenderemos a focalizar nossa percepção principalmente em aspectos que têm valor para nós. E como discutimos também, aquele valor também pode ser valor emocional, como qualquer convicção sobre nós mesmos que nos faz sentirmos bem. Assim no ato de focalizar em um auto-conceito e realidades que nos fazem nos sentirmos bem, nós, lentamente, proviremos pontos cegos para tudo aquilo que, constantemente, passa por fora de nosso foco.

Se algo ameaça o modo que nós nos percebemos, então as emoções ruins contribuirão. Para fazer as emoções ruins irem embora, nós racionalizaremos a ameaça de certo modo que nos permita ainda ver do modo que nós queremos ser vistos.

Não importa como irracional está na superfície, nosso modo de olhar para a situação nos fará perfeito sentido. Se nossos pontos cegos são confrontados, nós tenderemos a sermos imediatamente evasivos (desmissive) ou até mesmo a reagirmos emocionalmente para manter nossa certeza psicológica. E em anos futuros quando olharmos para nossas velhas certezas, nós pode ver coisas sob uma luz diferente que é tão perturbadora que nós mal podemos agarrar o que nós acreditamos uma vez.


Abração!

Unknown disse...

Amigo

Realmente seu texto nos deixa a refletir sobre o livre arbitrio, ou seja, reavaliar o que faz parte de nossas crenças para conseguirmos viver e aceitar aquilo que de certa forma já foi traçado (escolhido), que muitas vezes não conseguimos entender.

Foi muito útil e oportuno seu relato para esclarimentos desse tema...

Obrigado!

Homero Moutinho Filho disse...

Eu que agradeço Conceição.
Abs

Homero Moutinho Filho disse...

Ótimo texto amigão Lourenço
Abração